Resenha do conto " Felicidade clandestina" Clarice Lispector

 Olá, leitores  abaixo segue uma maravilhosa resenha do conto "Felicidade clandestina" 


Felicidade Clandestina 

O conto "Felicidade Clandestina", de Clarice Lispector, narra a história de uma menina apaixonada por livros, que sonha em ler um exemplar de As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. O ponto central da narrativa é o desejo profundo da protagonista de ter acesso a essa obra, que é negado por uma colega rica e maldosa, filha de um livreiro, que promete emprestar o livro, mas nunca o faz, adiando a entrega repetidamente. A expectativa frustrada gera sofrimento para a narradora, mas também torna o desejo mais intenso.


A amiga, cruel em sua insistência, se deleita com o poder que tem sobre a protagonista, prolongando o sofrimento por puro capricho. Esse jogo de promessas quebradas e expectativas aumentadas por parte da colega demonstra como a felicidade da menina é clandestina, uma vez que o desejo dela é privado, oculto e inacessível.


Quando finalmente a narradora consegue o livro, através da mãe da colega, que percebe a situação e intercede, o momento de posse da obra é de pura felicidade. Ela lê o livro aos poucos, prolongando a sensação de realização, como quem saboreia algo precioso e esperado por muito tempo.


Clarice Lispector, com sua linguagem sensível e introspectiva, explora temas como a infância, o poder do desejo e o prazer da espera. O conto é uma reflexão sobre a simplicidade e a profundidade dos pequenos momentos de alegria, que, por vezes, se escondem em situações banais, mas ganham grandeza no íntimo de quem os vivencia. A felicidade, nesse sentido, é furtiva e sutil, revelando-se em gestos cotidianos, como o prazer de finalmente segurar um livro desejado nas mãos.


O conto, ao fim, oferece ao leitor uma visão poética sobre o desejo e a satisfação, mostrando como esses sentimentos podem ser tanto fonte de dor quanto de uma alegria intensa e, por vezes, secreta.

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